Das estratégias às táticas do povo: o futebol e a invenção operária no Brasil da Primeira República
Palavras-chave:
Classe operária, Futebol popular, Primeira República, Identidade social, Resistência culturalResumo
O artigo analisa a formação da classe operária brasileira nas primeiras décadas do século XX e a maneira como o futebol se transformou em uma prática cultural capaz de relacionar identidades populares e resistências frente às estratégias de controle das elites e do Estado. A partir das contribuições de E. P. Thompson (1987), Cláudio Batalha (2018), Michel de Certeau (1998) e Marco Guterman (2009), busca-se compreender a classe operária não como uma estática, mas como um fenômeno histórico em constante construção, forjado nas experiências e lutas cotidianas dos trabalhadores. O estudo mostra que, diante da repressão política e da exclusão social, os trabalhadores inventaram espaços alternativos de interação, entre os quais o futebol se destacou como tática de invenção cultural e de afirmação coletiva. Clubes como o Sport Club Corinthians Paulista e o Bangu simbolizam o processo de apropriação popular do esporte, que passou de prática elitista a expressão de pertencimento e identidade das classes operárias. Dessa forma, o futebol revelou-se um elemento importante para compreender as dinâmicas culturais e sociais da Primeira República e a formação da cultura brasileira.
Referências
BATALHA, Cláudio H. M. Formação da classe operária e projetos de identidade coletiva. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O Brasil Republicano: O tempo do liberalismo oligárquico. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
FILHO, Mário. O negro no futebol brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
GUTERMAN, Marco. O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular do país. São Paulo: Contexto, 2009.
THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. v. 1.