Vozes nos escombros: a narrativa dos operários na história de Petrópolis durante a Primeira República

Resumo

O presente artigo busca discutir e problematizar o silenciamento e a invisibilização da trajetória e da narrativa da classe operária na história oficial da cidade de Petrópolis durante a Primeira República (1889-1930). Este trabalho busca demonstrar como essa produção local foi profundamente influenciada pelas correntes historiográficas tradicionais, prestigiando certos grupos em detrimento de outros, fortalecendo uma narrativa lúdica, imperial e burguesa-industrial ligada a grandes feitos, datas, personalidades ilustres e à ideia de progresso técnico, em contrapartida ao escamoteamento constante dos subalternizados. Uma história de vencedores sobre vencidos. A temática nem sequer é discutida com profundidade dentro da disciplina de HGPT-ET, com essa classe de trabalhadores sendo tratada apenas como coadjuvante. As discussões estabelecem uma ponte com as reflexões de Walter Benjamin e sua história dos subalternizados, desenvolvida em suas Teses sobre o conceito de história, o que evidencia a importância de contar a história dos operários, suas lutas, vivências, greves, sindicalismo, manifestações, imprensa, experiências, cultura e narrativas. Como base para discussão sobre narrativa e discurso, foram utilizados jornais operários, depoimentos, relatos, documentários, podcasts, além de obras de autores ligados à discussão do trabalhador e do operariado, de modo a fundamentar a relevância dessa classe dentro da identidade histórica petropolitana como um todo.